sexta-feira, 21 de setembro de 2012

MATÉRIA EXIBIDA HOJE SOBRE LANÇAMENTO DE SOBREVOANDO BABEL NO RIO

http://videos.r7.com/publicitario-adilson-xavier-lanca-romance-em-livraria-carioca/idmedia/505c4d28e4b0773b3dd26269.html

Record. Nome da editora que lançou meu livro, nome da emissora que produziu e veiculou a matéria que está no link acima. Empresas sem nada em comum além do nome, e de terem se encontrado no lançamento do livro. Feliz coincidência.

Noite inesquecível ontem na Livraria da Travessa do Leblon.
Fiquei cercado de gente querida por todos os lados, abençoando a decolagem para o sobrevoo de Babel e comemorando a alegria de sermos companheiros de viagem.
Dentre as presenças marcantes (e foram muitas), não poderia deixar de registrar o mestre Antonio Torres que, como se não bastasse abrilhantar o livro com a orelha que escreveu, fez questão de abrilhantar também a festa.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ANTONIO TORRES SOBREVOANDO BABEL


Ter um escritor do calibre de Antonio Torres na orelha de Sobrevoando Babel, cerca o trabalho de brilhos e paparicos dourados. 
Segue abaixo o texto com que o mestre turbina, adorna e abençoa meu livro:
"Passageiro de primeira classe, que viaja muito, e bem — “pela mais legítima e deliciosa obrigação profissional” —, decola em mais um voo sobre o Atlântico, subindo para o Olimpo, confortavelmente só e salvo em sua trajetória de big boss a cruzar os céus da Babel pós-tudo cheio de orgulho de si mesmo e de fé no seu deus: o Mercado. E com segredos confiados a uma passageira de outro avião, e um revólver na bagagem — já causador de um trauma —, motivo de uma adrenalina a mais no seu desembarque. Em Paris.

“Douglas Emiliano Gomes, especialista na arte de estar por cima. Muito prazer”.
Presidente no Brasil de uma indústria de cosméticos, a Lindholm Svartsnaider Beauty, esse poderoso chefão se deleita com as vantagens do seu cargo (entre outras, “o distanciamento estratégico da matriz europeia”), e se diverte em quebrar as duríssimas normas internacionais da empresa, pondo sua ambição desmedida acima de qualquer regra de conduta.

Pronto. Eis aí um caso exemplar de personagem brasileiro inserido na era globalizada, o que tanto tem seduzido nossos autores, sobretudo os mais novos.

Sobrevoando os esforços bem ou mal sucedidos nessa direção, Adilson Xavier foi longe. Neste seu novo romance, ele esbanja conhecimento do mundo corporativo multinacional, da relação promíscua (para dizer o mínimo) entre as empresas privadas e o poder público, do vale-tudo (vá lá) neoliberal na busca da ampliação dos seus domínios around the world. Ou là-bas, numa língua mais cosmética da nova Babilônia.

É sobre tal background que Adilson Xavier tece, com segurança, uma trama de intrincados fios, enovelando os relatos da sua figura central aos contrapontos de um elenco de personagens que mais parecem saídos de um roteiro de um filme de suspense. Conclusão: com uma surpresa atrás da outra, a cada capítulo, Sobrevoando Babel prende você à poltrona do embarque até o ponto final. Boa viagem."

Antonio Torres

TENSÃO PRÉ-LANÇAMENTO




Ontem fui ao lançamento de um livro na mesma livraria carioca onde vai acontecer o lançamento do meu: a Travessa do Shopping Leblon. Lá, empilhados sobre um balcão, estavam os convites impressos anunciando aos frequentadores da livraria que meu livro também frequentaria aquele ambiente dois dias depois (neste exato momento, apenas um dia depois).
Ontem também soube que um problema de impressão na capa faria com que os exemplares do meu livro só chegassem à livraria pouco antes do horário previsto para o início do lançamento: 19h. Para quem sofre até com festinhas de aniversário como eu, está formada a situação ideal para insônias, taquicardias e afins. Ontem, pensando bem, foi ainda agora. Escrevo este post no início da madrugada. Não disse? Maldita insônia! O lançamento do meu livro já é amanhã, assim sem mais nem menos, não se pode confiar no tempo. Pânico. Será que tudo vai dar certo? Tic, tac, tic, tac... Será que as pessoas vão lembrar que é nesta quinta e não na outra (teve gente que apareceu lá na quinta-feira passada, já soube)? Tic, tac, tic, tac... Será que esse suspense vai nos levar a um final feliz? Tic, tac, tic, tac... Não percam amanhã todas as respostas. Tic, tac, tic, tac... Na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, hein! Não vão errar de Travessa. Tic, tac, tic, tac...

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

MENSALÃO E AVENIDA BRASIL SE FUNDEM NUMA SÓ NOVELA

Depois da matéria de capa da Veja no fim de semana, a segunda-feira começa com a revelação de que Marcos Valério gravou um vídeo onde conta tudo sobre o Mensalão. Bombástico, eletrizante e milimetricamente coincidente com o momento em que as fotos de Carminha e Max se tornam eixo da trama na novela das 21h.
Mais esperto do que Nina, Marcos Valério depositou as cópias do seu vídeo em cofres bancários, fora do alcance de possíveis Maxes. Conhecendo a fundo seus ex-parceiros, não seria tão ingênuo a ponto de deixar provas tão preciosas em locais de fácil acesso. Sabe do que esses personagens são capazes, e usa seu trunfo para não virar arquivo morto, vítima de misteriosos desfechos. PC Farias, da novela anterior, que o diga.
Parece que um roteirista irônico (seria Deus?) alinhou ficção e realidade na mesma curva narrativa, talvez para sublinhar o quanto o julgamento em curso no Supremo significa para o amadurecimento e a moralização das instituições no Brasil. Já que novela aqui faz tanto sucesso, por que não novelizar a política, dando-lhe toques de dramaticidade que a coloquem no dia-a-dia das pessoas, nas conversas de família, nos papos em mesa de bar?
Começa agora o julgamento do núcleo político. Há fortes indícios de que novos personagens, de altíssimo escalão inclusive, podem se incorporar à trama, e tudo indica que brevemente saberemos quem é quem nessa história. Na novela é mais fácil, os vilões são óbvios e as incongruências de roteiro perdoadas em nome da necessidade de fidelizar a audiência. Na vida real, é preciso estar mais ligado. Parece haver mais Carminhas do que suporta o estômago mediano, mais podridão e, diferentemente das bem cuidadas produções televisivas, um monte de canastrões no elenco. De olhos bem abertos, vamos nós acompanhando cada capítulo, torcendo para que o bem vença no final e lamentando a avenida de lixões em que o Brasil se meteu. Nossa grande vantagem é a interatividade. Nada melhor do que aproveitar outra coincidência - a das eleições, para usar nosso direito de interferir na história. É moderno, eficaz e super-civilizado.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

ONDE É QUE EU ESTAVA COM A CABEÇA QUANDO RESOLVI ESCREVER ESTE LIVRO?



Marcia Tiburi disse numa entrevista que "quando escreve literatura, você se dá o direito de não viver segundo a lógica da racionalidade dominante. Você pode ser poeta, você pode ser louco, você pode inventar mundos - você é livre e não precisa justificar nada para ninguém". Acho que foi isso que me motivou, mas não preciso achar nada. O bom de escrever é deixar fluir as ideias sem ter muitos porquês entre elas, até o ponto de nos surpreendermos com o que nós mesmos escrevemos, e acharmos graça quando nos pegamos buscando explicações. Não tenho muita noção de onde estava minha cabeça enquanto escrevia Sobrevoando Babel, mas tenho certeza de onde estava meu coração, e ele batucava feliz. A tal lógica da racionalidade dominante está ocupando mais espaços do que devia. Pronto, escrevo contra ela, taí uma boa e desnecessária explicação. Talvez eu escreva porque preciso empunhar uma bandeira. Não, não, heróico demais, muito bobo isso. Bobeira, por que não? Escrevo como quem passeia, de bobeira, sem métricas ou cobranças, pelo simples prazer de bater pernas e teclas. Mas que por trás dessa despretensão tem uma coisa muito séria rolando, ah isso tem. E como não curto muito esse negócio de me levar a sério, prefiro devolver a palavra pra Marcia Tiburi: "O nosso sistema econômico só torna as pessoas cada vez mais otárias. E a literatura faz com que elas sejam menos otárias, e quanto mais você questiona a literatura que lê, menos otário fica". Ôpa! Escrever para ser questionado. Boa causa. Vai ver que é isso.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

RIO DE JANEIRO, DOS CORPOS ESCULTURAIS.



Não vamos falar das figuras sensuais de sempre. Estão deitadas na areia, passeando pelo calçadão, desfilando sua beleza exaustivamente cantada em verso, prosa e cantadas propriamente ditas. Óbvio demais insistir em cantá-las, melhor deixar que continuem, livre e descuidadamente, provocando encantamentos pela cidade.
Vamos falar de figuras que nos visitam. De corpos que chamam a atenção pela reflexão que propõem e pela coincidência de estarem em exibição ao mesmo tempo, no mesmo Rio, agora definitivamente assumido como palco de todas as artes.
Os corpos de Antony Gormley, por exemplo, começaram ameaçando suicídio, mas, parados na beirinha dos prédios, enxergaram tanta coisa interessante que decidiram seguir vivendo. Instalaram-se no Centro Cultural Banco do Brasil onde, ora de pé, ora encurvados, ora amontoados no chão, ora pendurados no teto, nos falam de tortura, pau-de-arara, extermínio, e vida. Nos falam da maldição e da bênção de sermos corpos, vocacionados para a liberdade ao mesmo tempo que enjaulados em formas limitadoras.
Os corpos de Alberto Giacometti (curioso: dois escultores com as mesmas iniciais), apesar de também forjados em metal, têm discurso tão diverso quanto o ferro de um diverge do bronze do outro. Alongam-se e deformam-se como que tentando exteriorizar o que possuímos de mais interno. Lembram-nos de que, reduzidos à essência, somos quase linhas, quase sombras, quase dignos de pena em nosso destino retorcido. Em Giacometti, recheando os espaços do MAM, há os que se deslocam, os que se manifestam e os que apenas observam, como solenes massais contemplando seus domínios. Chama a atenção que, nem os corpos de Gormley, nem os de Giacometti, dêem valor especial ao rosto e, apesar disso, consigam transmitir um vasto pout-pourri de emoções. Tudo indica que delegaram a exclusividade do rosto para Awilda, de Jaume Plensa, que emergindo da enseada de Botafogo, fecha os olhos e deixa que a brisa lhe fale aos ouvidos. Expande-se em meditações, sem se importar com os carros que passam ou as pessoas que passeiam, para deixar bem claro que somos todos pensantes, imaginativos, sonhadores e gigantes, infinitamente maiores que nossos corpos.