quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

E O FIM DO MUNDO, HEIN?


O assunto não poderia estar mais batido, mas, perdoem, é agora ou nunca. Quando é que teremos um outro fim do mundo tão animado pra celebrar? A virada do milênio foi aquele fiasco, e na próxima oportunidade pode ser que a gente já tenha morrido de causas não-apocalípticas ou, em outras palavras, o mundo tenha acabado para nós (eus?) em versão "private", o que, convenhamos, é bem mais chique do que sair morrendo por aí no meio da massa ensandecida.
Em artigo publicado no Globo, dia 18/12, Arnaldo Jabor, destilando humor-pessimismo, faz previsões de que "teremos nostalgia de um presente que não sentimos e saudades de um futuro que não para de 'não' chegar". O passado, segundo ele, "será chamado de depreciação". Na sequência de um texto deliciosamente bem construído, fala-nos do terrorismo como hábito cotidiano, de campos de concentração cinco estrelas, do fim do amor romântico, da arte, da piedade...
Embora de visão bem mais otimista que o Jabor, adoro quando ele explode em broncas, porque seus estilhaços brilham e fazem pensar.
Estamos vivendo um período de grandes choques, disso ninguém duvida. De opiniões, de convicções, de poderes públicos, choques éticos, morais, religiosos, políticos, sociais, psicológicos, econômicos, ecológicos, térmicos. E a cada choque, ainda que a duras penas, vemos surgir alguma luz. Destróem-se os elementos colidentes para gerar novas energias. Nada de escombros. Apenas verdades aprimoradas, extraídas do embate, a que podemos chamar "evolução".
Nosso mundo é um jogo cheio de emoções, repleto de perigos, ameaças, vilões e heróis pra todos os gostos. Mas é um jogo, acima de tudo, educador, que, em vez do "game over", segue nos surpreendendo com mudanças para fases cada vez mais complexas, e nos ensinando a lidar com elas, e nos mostrando que somos capazes de realizações inimagináveis.
Vem aí um 2013 com problemas sem fim e conquistas idem. Que venha! Estamos prontos.

sábado, 1 de dezembro de 2012

UM PAÍS SE FAZ COM PILANTRAS E LIVROS



A senha usada pelos bebês de Rosemary para propina era "livros", segundo noticiado hoje pelos jornais. Muito significativo para a ex-secretária de um ex-presidente que sempre se vangloriou de sua escassez cultural, e fez questão de preservá-la, mantendo distância da leitura mesmo em tempos de notória ociosidade. Talvez essa característica do chefe tenha sido determinante para a escolha da senha. Ele nunca prestaria atenção a um email que negociasse a entrega de livros, deve ter pensado a ardilosa secretária (dou essa ideia de presente para os militantes que a essas horas estão elaborando os enredos que livrem nosso míope, distraído, multi-apunhalado-pelas-costas ex-supremo mandatário de mais um desfile de irregularidades ocorrido debaixo do seu nariz). Pelo que a polícia já apurou, nunca na história deste país tantos "livros"circularam nas esferas federais. Vai livro, vem parecer favorável. Vai livro, vem liberação disso e daquilo. E continuamos nós vendo surgirem, nas páginas da imprensa golpista amparada pelas elites do sei lá mais o quê, uma plêiade de personagens que desafia a criatividade de qualquer ficcionista.
Irônico ver essa revelação acontecendo quando a atual presidente, em sábia decisão, resolveu o debate dos royalties do petróleo e os vinculou à educação. Ufa! Nem só de mensalões e outras baixarias vive nossa política. Palmas pra Dona Dilma que, justiça seja feita, tem se esforçado bravamente para limpar a barra de seus "companheiros" e administrar os coquetéis molotov que deixaram em seu gabinete. Mas assusta imaginar estarem os ratos do poder, neste momento, sorrindo maquiavelicamente ante a possibilidade de encaixarem os "livros" de Rosemary na estante (ou seria gaveta?) dos livros de verdade, quem sabe criando o Ministério da Leitura, ou melhor, uma nova agência reguladora, parente da ANA e da ANAC, que, pra debochar bastante dos milhões de otários brasileiros que pagam fortunas em impostos, bem que poderia se chamar ANALFA.