quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

RUMO AO PASSADO

Estética reveladora. A capa da cartilha petista que comemora 10 anos de poder tem muito em comum com manifestações políticas de outros tempos. O olhar discretamente inclinado para a direita de Lula, por exemplo, coincide com o de Fidel e de Stalin, assim como o indefectível bigode que no Lula de outras eras unia-se à barba tão característica de Fidel. As bandeiras agitadas pelo povo (?) e a silhueta do jovem erguendo o braço vitoriosamente combinam perfeitamente com o mood dos posters de Fidel e da Revolução Francesa. Só Dilma difere na versão brasileira - enfim uma exceção - e ela sorri o sorriso que Lula apenas ensaia, aparentemente sonhando com o dia em que voltará à presidência.







 Claro que não foi por acaso. Há uma falta de noção tão clamorosa no partido do atual Governo que beira o infantilismo. Julgam-se salvadores da pátria / reinventores da roda, apresentam-se como mitos, brincam de super-heróis, carimbam sua sequência de mandatos como "tempos gloriosos". Dá pra acreditar que isso está acontecendo em pleno século XXI?
Olhando as quatro imagens em conjunto, salvo um certo deslocamento da que se refere à Revolução Francesa, elas parecem produzidas na mesma época. Privilegiando o vermelho, que Stalin e Fidel traduziram num banho de sangue, revestem-se de um tom épico, autoritário e descaradamente demagógico.
A capa da cartilha do PT, portanto, cumpre a missão didática que lhe cabe: sinaliza retrocesso em cada detalhe. Seria perfeita como peça de humor, mas foi feita a sério. Como são feitas a sério várias afirmações em seu conteúdo que não se sustentam, informações mascaradas, e dados tão photoshopados quanto os rostos de seus protagonistas.