sexta-feira, 6 de setembro de 2013

ESPERANDO OS BÁRBAROS ÀS VÉSPERAS DO 7 DE SETEMBRO.


A semana que desemboca nas comemorações da Independência no Rio está repleta de cultura. Depois de dois dias circulando na Bienal do Livro, que transborda de gente, estive na Art Rio, também muito frequentada. No lado literário, participando de mesa com um espanhol de pseudônimo inglês (Allan Percy). No lado das artes plásticas, surpreendido por uma argentina, cujo trabalho poderia ter sido a capa de meu livro "E. O Atirador de Ideias". Facas cravadas na parede, projetando de um lado, sombras; de outro, olhares: tudo a ver com meu protagonista, fascinado por atiradores de facas e buscando um ângulo criativo que o projete social e intelectualmente.
Graciela Sacco é a artista, ousada, provocante, suficientemente forte pra ser apresentada em projeto solo pela Galeria Rolf Art. Sua instalação "Esperando os bárbaros"vai além da imagem que mostro aqui. Há outras execuções, onde as facas são postas de lado, mas os olhares continuam, sempre atentos, numa expectativa assustada que nos conta muitas histórias. É um trabalho visual que, mexendo com a imaginação, nos leva a múltiplas narrativas. É, antes de tudo, um retrato do que vivemos hoje, em constante estado de alerta, observando pelas frestas uma onda crescente de manifestações contraditórias, que, enquanto discursam sobre avanços político-sociais, regridem nos fundamentos do comportamento civilizado.
Os olhos de Graciela Sacco são, ao mesmo tempo, os dos mascarados que nos tiram a paz, e os do cidadão comum, encurralado por mil preocupações, mas esperançoso de enxergar em algum ponto um pedacinho que seja de esperança.