segunda-feira, 10 de março de 2014

ESTIVE NO FIM DO MUNDO E LEMBREI DE VOCÊ.


O fim do mundo, que todos esperavam acontecer em 2000, micou. A previsão dos Maias de que tudo acabaria em 2012 também micou. Impaciente com a incompetência apocalíptica do planeta, adotei a velha fórmula do "Maomé vai à montanha" e parti para os finalmente. Como já estava impossível qualquer deslocamento no Rio em dias comuns, preferi não vivenciar o caos carnavalesco de uma cidade esburacada e mijada, vítima de obras e blocos desgovernados. Fugi, sentindo um estranho orgulho de minha covardia.
Segundo dizem, o mundo acaba mais ou menos no farol ícone de Ushuaia, bem ali onde o vento faz a curva. Terrinha danada pra ventar e fazer frio.
Lá no extremo sul da Argentina, longe de qualquer agitação, soube da greve dos garis no Rio. É o fim do mundo, pensei. Logo agora que me afastei.
Imediatamente, meu pensamento viajou de volta. Comecei a repassar os recentes fiascos brasileiros, a comparar nossos aeroportos com os de nossos vizinhos (que, diga-se de passagem, estão enfrentando uma crise bem cascuda), a olhar o que restou de nossas companhias aéreas (se é que ainda merecem esse nome), a recordar as negociatas pré-eleitorais, a roubalheira generalizada, o deboche das autoridades contra tudo que pareça decente, a gradual demolição de nosso bom-humor, da educação, da cultura, da economia... como não enxerguei isso antes. Já acabou, gente. Nós é que, distraídos, perdemos a noção do tranco. Brasil - terra do samba, do futebol, do escracho e do apocalipse. Somos imbatíveis.
A boa notícia é que, depois do fim, a coisa não acaba. Ahan! Tem um recomeço. E um farol persistente querendo apontar algum caminho,  jogar luz em alguma direção.

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