sábado, 26 de julho de 2014

O CARA QUE EMBOLACHOU O JORNALISTA.

O cara que embolachou o jornalista saiu de peito estufado. Orgulhoso por defender a verdade que lhe foi revelada por uma galera ponta firme, da sua idade, que não se deixa influenciar pela mídia nem por ninguém que pense de outro jeito. Uma galera que, como ele, não estava no mundo quando os militares calavam a imprensa com agressões bem mais intimidadoras, nem viu o quanto a imprensa foi responsável pela difusão das informações que vitaminaram a sociedade na luta contra a ditadura, na conquista do direito de votar, no restabelecimento da democracia.
O cara que embolachou o jornalista não faz ideia do quanto se parece com o general/presidente que disse: "Quem não quiser ser livre, eu prendo e arrebento". Não imagina que os ditadores dos anos de chumbo também achavam que faziam um grande bem ao Brasil, que estavam nos ensinando a ser um povo melhor, na marra, debaixo de porrada.

O cara que embolachou o jornalista, depois do seu espetáculo de truculência, foi tomar chopp com o cara do coquetel molotov, o cara que quebra ônibus, o que dispara rojão na cabeça de cinegrafista, o que arranca postes de sinalização e o que saqueia lojas, pra fazerem um balanço de sua contribuição para os destinos do país. 
Não chegaram a conclusão nenhuma. Também pra que que serve esse negócio de objetivo, conclusão? Coisa do passado, papo reacionário.
Basta celebrar a embriaguez do momento e aparecer de montão na mídia. Aliás, compartilha esse link aí, mano, que a galera vai curtir geral!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

NÃO APRENDER COM A DERROTA É PERDER DUAS VEZES.



Cada gol da Alemanha, uma fisgada. Dor física mesmo. Foi assim que me senti, usando imediatamente o humor como analgésico (tratamento que recomendo enfaticamente). Fiz piadas sobre a situação, me emocionei com o choro dos torcedores, especialmente as crianças. Achei importante mastigar cada pedacinho do desabamento futebolístico que estava testemunhando (não dá pra evitar a analogia com o viaduto que, bem pertinho do Mineirão, havia provocado uma tragédia de verdade poucos dias antes). No day after, li os jornais com suas manchetes catastróficas, degustei cada artigo, confrontando o impacto da véspera com visões variadas da imprensa nacional e internacional. Chamaria isso de vivenciar o luto, se "luto" não fosse uma palavra forte demais para o fato.
Não tínhamos time, qualquer um enxergava isso. Só que era bom acreditar no milagre da superação, como num enredo de filmes "sessão da tarde". Se a Costa Rica fez o que fez, por que não?
Mas temos, isso sim, um povo campeoníssimo. Um povo que gosta tanto de sonhar que é capaz de encarar qualquer rebordosa. Um povo que salvou a Copa, cobrindo com seu alto astral e capacidade de acolhimento todas as falhas estruturais do evento. Um povo que canta o hino nacional a capela como nenhum outro, e não bota panos quentes em sua seleção quando ela dá vexame, aplaudindo o adversário com lágrimas nos olhos, sabendo perder o jogo sem perder a dignidade.
Somos todos Neymar, claro que sim. Tomamos uma joelhada na coluna, mas daqui a pouco estaremos recuperados, mais maduros e calejados, prontos pra colhermos vitórias no futebol e nos campos que realmente importam. Vivendo e aprendendo a jogar, dizia a música da Ellis. É tóis, Brasil!

*Foto buscada no Google