Estética reveladora. A capa da cartilha petista que comemora 10 anos de poder tem muito em comum com manifestações políticas de outros tempos. O olhar discretamente inclinado para a direita de Lula, por exemplo, coincide com o de Fidel e de Stalin, assim como o indefectível bigode que no Lula de outras eras unia-se à barba tão característica de Fidel. As bandeiras agitadas pelo povo (?) e a silhueta do jovem erguendo o braço vitoriosamente combinam perfeitamente com o mood dos posters de Fidel e da Revolução Francesa. Só Dilma difere na versão brasileira - enfim uma exceção - e ela sorri o sorriso que Lula apenas ensaia, aparentemente sonhando com o dia em que voltará à presidência.


Olhando as quatro imagens em conjunto, salvo um certo deslocamento da que se refere à Revolução Francesa, elas parecem produzidas na mesma época. Privilegiando o vermelho, que Stalin e Fidel traduziram num banho de sangue, revestem-se de um tom épico, autoritário e descaradamente demagógico.
A capa da cartilha do PT, portanto, cumpre a missão didática que lhe cabe: sinaliza retrocesso em cada detalhe. Seria perfeita como peça de humor, mas foi feita a sério. Como são feitas a sério várias afirmações em seu conteúdo que não se sustentam, informações mascaradas, e dados tão photoshopados quanto os rostos de seus protagonistas.