A história mostra a emoção
como incapacitante da razão, expõe a inflexibilidade dos prejulgamentos, a
quase impossível compreensão de argumentos quando se está acometido de cegueira
e surdez, por idolatria, paixão, ódio ou fanatismos em geral.
Filme fundamental em nossos
tempos intolerantes. Provoca reflexão sobre forma, conteúdo e contexto, e sobre
a necessidade de extrema cautela na exposição de raciocínios não maniqueístas
diante de plateias predispostas a refutar qualquer coisa que esbarre em suas verdades
absolutas.
Assisti ao filme na última
sexta-feira, depois de testemunhar uma longa série de discussões descalibradas
sobre política, religião e manifestações de rua.
Chega o sábado e leio no
Globo matéria sobre as fotos de Hitler, feitas por Heinrich Hoffman, enquanto o
futuro ditador ensaiava os discursos e gestos com que eliminaria o senso
crítico de multidões e arrancaria com tudo em sua trajetória insana. Por mais
propícias que fôssem as condições históricas, sociais e econômicas para a
ascensão de um "salvador da pátria", não me canso de ficar
impressionado com a patetice da figura, a teatralidade canastrona, o ridículo
absoluto que a maioria do povo alemão conseguiu desenxergar. Tudo tão ensaiado,
repleto de clichês e truques básicos de enquadramento, tudo obviamente
desumano, imoral, inaceitável, caminhando para a tragédia.
A história está cheia de acidentes de
comunicação. Melhor relembrá-los e preveni-los agora do que lamentá-los depois.
Num momento em que os diálogos se transformam em colisão de monólogos, e em que
os ignorantes on e off-line se acham
no direito de falar mais alto que todo mundo, vale redobrar os filtros do que
se ouve e prestar especial atenção naqueles que, mesmo timidamente, se atrevem
a discordar.(fotos extraídas da internet. Autores desconhecidos)
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