quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

HAY ROLEZITO?


Primeiro movimento: centenas de mariachis andando pelo shopping, tocando e cantando a plenos pulmões.
Os corredores ficaram apertados e o resultado acústico era de perfurar tímpanos blindados. Entulhadas nas lojas, as pessoas não conseguiam comprar. Os lojistas se assustaram, as instalações não comportavam tanta gente e tanto barulho ao mesmo tempo. Intranquilidade geral.
Expulsos os mariachis e declarada a indesejabilidade de sua presença massiva, a Embaixada do México logo se manifestou, considerando que seu país estava sendo vítima de discriminação, o que seria imediatamente denunciado à ONU.
À indignação diplomática juntaram-se os Sindicatos dos Cantores Folclóricos de Língua Espanhola e dos Fabricantes de Sombreros que, em frente aos centros de compras, passaram a gritar palavras de ordem, invocar a memória de Emiliano Zapata, e chorar dramaticamente, numa performance digna dos novelões produzidos em sua terra.
Representantes do Governo fizeram questão de prestar solidariedade aos cantores rejeitados, alguns deixando bem claro que achavam absurda a proibição da cantoria, e frisando que aquilo era coisa de elitistas, autoritários, direitistas, reacionários e... (na falta de outros adjetivos nos manuais cubanos que consultavam) racistas.
Quando os praticantes de lucha apareceram para engrossar os protestos com suas famosas máscaras e malhas justíssimas, encontraram-se com centenas de tenores que, envergando casacas e suando em bicas, cantavam "O Sole Mio" a capela. Temerosos por criar novo incidente, agora com a Itália, advogados dos shoppings acharam melhor consultar os organismos internacionais antes de pleitear qualquer outra proibição. Infeliz decisão.
O breve intervalo de consulta foi suficiente para que multidões de monges budistas e dançarinos cossacos se mobilizassem pelas redes sociais para fazer seus passeios pelos shoppings, todos apoiados por veementes oportunistas de variadas origens.

Sem conseguir vender, as lojas foram cedendo espaço a comitês eleitorais e áreas de concentração destinadas a múltiplos rolezantes. Foi aí que a procissão de Santo Apolinário tomou corpo na praça de alimentação, com milhares de fiéis empunhando velas, e um andor enganchado no balcão do McDonald's. Só assim começou a ser considerada a hipótese de que alguma coisa estava fora do lugar.

(foto buscada no Google)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

POR QUE OS BRASILEIROS PREFEREM VIAJAR PARA O EXTERIOR?

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Primeiro, porque são inteligentes.
Se podem pagar menos por hotéis e serviços infinitamente superiores, por que não?
Se podem concentrar suas compras em países que oferecem maior qualidade por preços impressionantemente mais baratos, por que não?
Brasileiros preferem viajar para o exterior, porque viajar no Brasil é um tormento, por terra ou pelo ar. Nossas estradas, nossos aeroportos e nossas companhias aéreas são sofríveis. Nosso Governo nos sufoca com impostos que desestimulam o espírito empreendedor, tornam praticamente impossível conciliar bom trabalho com preço razoável, punem quem se atreve a gerar empregos com encargos insuportáveis. Não há como resistir à tentação de escapar para cenários menos hostis.
Brasileiros viajam e gastam muito no exterior porque são expulsos daqui pela insaciabilidade de um Governo que, tendo as bênçãos da natureza para atrair turistas de todo o mundo pra cá, insiste em solidificar a fama de destino caro. Tão caro que nem nós aguentamos, e tão vocacionado para a opressão que o Governo prefere aumentar as taxas de quem viaja pra fora, em vez de aliviar as taxas de quem viaja pra dentro.
Como li num artigo, não me lembro de quem, só compra em Miami quem não é suficientemente rico pra fazer compras no Brasil.

* (foto buscada no Google, autoria desconhecida)