
Mais esperto do que Nina, Marcos Valério depositou as cópias do seu vídeo em cofres bancários, fora do alcance de possíveis Maxes. Conhecendo a fundo seus ex-parceiros, não seria tão ingênuo a ponto de deixar provas tão preciosas em locais de fácil acesso. Sabe do que esses personagens são capazes, e usa seu trunfo para não virar arquivo morto, vítima de misteriosos desfechos. PC Farias, da novela anterior, que o diga.
Parece que um roteirista irônico (seria Deus?) alinhou ficção e realidade na mesma curva narrativa, talvez para sublinhar o quanto o julgamento em curso no Supremo significa para o amadurecimento e a moralização das instituições no Brasil. Já que novela aqui faz tanto sucesso, por que não novelizar a política, dando-lhe toques de dramaticidade que a coloquem no dia-a-dia das pessoas, nas conversas de família, nos papos em mesa de bar?
Começa agora o julgamento do núcleo político. Há fortes indícios de que novos personagens, de altíssimo escalão inclusive, podem se incorporar à trama, e tudo indica que brevemente saberemos quem é quem nessa história. Na novela é mais fácil, os vilões são óbvios e as incongruências de roteiro perdoadas em nome da necessidade de fidelizar a audiência. Na vida real, é preciso estar mais ligado. Parece haver mais Carminhas do que suporta o estômago mediano, mais podridão e, diferentemente das bem cuidadas produções televisivas, um monte de canastrões no elenco. De olhos bem abertos, vamos nós acompanhando cada capítulo, torcendo para que o bem vença no final e lamentando a avenida de lixões em que o Brasil se meteu. Nossa grande vantagem é a interatividade. Nada melhor do que aproveitar outra coincidência - a das eleições, para usar nosso direito de interferir na história. É moderno, eficaz e super-civilizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário