domingo, 1 de junho de 2014
TELAS E TEXTOS.
É surreal o efeito de uma tela sobre o público. Hipnotiza. Claro, quando bem utilizada.
Desde as primeiras pinturas de que se tem notícia, ninguém olha pra uma tela pelo fato de ser uma tela, mas pelo que ela contém. Conteúdo é só o que importa.
Vale pra tela que se cobre de tinta, pra que recebe projeções de fotogramas sequenciais, pra que transmite sinais de emissoras, ou imagens da internet, pendurada na parede, apoiada na mesa, no colo, na palma da mão. Sem conteúdo que valha a pena, nenhuma tela serve pra nada.
Quando uma nova tela aparece, as demais logo são ameaçadas de desaparecer. Mas a história já provou que isso é uma grande tolice.
Taí a televisão se reinventando depois de anos patinando na obviedade. De repente, nos surpreende com produções que parecem coisa de cinema. E são. Uma nova dramaturgia, mais atrevida e provocativa, começa a ganhar o espaço antes reservado para as fórmulas popularescas que levavam a audiência à zona de conforto dos textos tatibitates, personagens previsíveis e finais felizes. Uma zona de conforto que, seguindo a sina do confortável, só leva à atrofia.
Pesquisas, que antes aprisionavam excessivamente a criatividade na tv, começaram a pesar mais na indústria cinematográfica, e não deu outra: a telona, líder inicial da ousadia, encheu-se de fórmulas, tornou-se óbvia, começou a perder o brilho e, consequentemente, a capacidade de reter talentos (roteiristas, diretores, atores).
Enfim, vivemos a Era de Ouro da Televisão, redescobrindo um veículo que começava a se curvar à caretice. Fenômeno gradual, longe de ser amplo, mas já bastante perceptível. E o filé da tv se infiltra nos computadores, tablets, smartphones, para influenciar nova retomada do cinema mais adiante, mantendo o círculo virtuoso das telas, onde, independente das tecnologias e formas, tudo gira, como sempre, em torno do conteúdo. Aliás, com um crescente número de produções inspiradas em obras literárias. Lembra do bom e velho livro? Pois é, continua revolucionando.
(Imagem extraída de tresmigalhas.blogspot.com)
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