sábado, 1 de outubro de 2011

O prazer do percurso

Ler é uma viagem (frase clichê). Viagem é tudo de bom. Não necessariamente o destino final, mas a própria viagem. Muitas vezes até a preparação para a viagem, que se passa em nosso imaginário, é melhor do que a viagem de verdade. Ah, a expectativa! Sempre enfeitando as coisas.
Lendo matéria de Ivan Barroso, no Caderno Prosa e Verso do Globo, sobre "O Clube do Suicídio" de Robert Louis Stevenson, me chamou especial atenção o trecho em que ele afirma que "o autor nos vai cada vez mais preparando para um clímax que não se verifica, invertendo o procedimento das narrativas do gênero, de modo que a expectativa do que vai acontecer se torna mais importante do que o acontecimento em si".
Verificar que um autor desse calibre nos envia do século XIX um exemplo de narrativa baseada mais no percurso do que na chegada é um alívio. Acredito que, cada vez mais, as pessoas estão abertas a desfrutar a paisagem do caminho independente de para onde estejam indo. E que até preferem finais abertos às tradicionais histórias arrumadinhas que não lhes permitem imaginar desfechos, participar de alguma forma, abrir a cabeça para diversas possibilidades.
Não é de um cara qualquer que estamos falando. É do autor de "O Médico e o Monstro", que entende bem profundamente os mistérios e conflitos da alma humana.

2 comentários:

  1. Oi, Adilson. Eu já havia lido uma resenha sobre esse livro no Sabático, do Estado de S. Paulo, e agora essa outra. Vamos comprar o livro né? Investir em clássicos sempre vale. Beijos

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  2. Eu também li essa matéria, e fiquei curioso com o livro. Acho que cada vez mais, a participação - e a inteligência - do leitor é chamada à cena, o que representa uma posição diferente diante da relação com o texto escrito e com a arte em geral. às vezes, a simples sugestão leva a imaginação a lugares incríveis e valem a leitura.

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