sábado, 3 de março de 2012

RETROFUTURISMO JÁ


Acho engraçada essa palavra, soa cabeçuda sem perder o bom-humor, tem um quê de cinismo e esnobação de antenados, embora seja razoavelmente antiga, criada por Lloyd Dunn em 1983. O fato é que, apesar de seus quase 30 anos, segue atualíssima.
Retrofuturismo é o que melhor define o caráter distópico, ambíguo e contraditório do nosso tempo. Ok, de todos os tempos, só que evidenciado pela intensidade e rapidez com que ocorre hoje, de acordo?
Incensar no presente a forma como o futuro era imaginado no passado é tornar profético o que a princípio só pretendia ser imaginativo, é colocar a imaginação no mais alto dos pedestais, de onde também nós adquirimos o direito de observar o amanhã, brincar de futuristas e, quem sabe, acertar alguns chutes sobre o que vem por aí.
Em seu "O Zen e a Arte da Escrita", Ray Bradbury, autor do clássico "Fahrenheit 451", nos lembra que os primeiros homens e mulheres desenharam ficção científica nas paredes das cavernas, e enfatiza que sem fantasia não há realidade, sem imaginação não há vontade, sem sonhos impossíveis não há soluções possíveis. Graças a ele, passei a encarar o gênero com olhos mais simpáticos, descobri que Steam Punk, Diesel Punk e Cyber Punk são mais punks (no melhor dos sentidos) do que parecem, que o Batman de Joel Schumacher pode andar de mãos dadas com o Metropolis de Fritz Lang e flertar com os cultuadores de Star Trek e Star Wars, enquanto visitam o Brazil de Terry Gilliam.Vi mais claramente a poesia de Blade Runner, a fantasia de Back to the Future (fácil esbarrar com Júlio Verne por ali), a filosofia de Matrix. Conclui que há espaço de sobra para emoção, nos chips, nos múltiplos gadgets, nos softwares, nos pendrives, nos hard-disks, e nas telas (que, desde o primeiro quadro do primeiro pintor a emoldurar seu trabalho, sempre tiveram esse nome), telas de todos os tamanhos, para todos os gostos, cada vez mais acessíveis, e sensíveis ao toque.
Há futuro, gente! Essa é a boa notícia. Há muito tempo que há. E por mais fantástico que pareça, ele continua fazendo algum sentido.

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