domingo, 19 de agosto de 2012

A POLÊMICA COELHO X JOYCE CABERIA NUM TUÍTE





Causou furor a declaração de Paulo Coelho sobre o livro mais emblemático de James Joyce, assim como causou deleite a matéria da Folha de São Paulo (17/8), publicando em destaque no "Ilustrada" os tuítes de vários autores (inclusive do próprio Coelho) com a redução das mais de mil páginas de Ulysses ao implacável limite dos 140 caracteres. Cabe? Claro que sim. Nos dias de hoje, cabe tudo, só não cabe direito. Dizer que a vida é "nascer, crescer e morrer", por exemplo, seria uma certeira redução dessa coisa imensa que é viver. Certeira, eu disse, não correta. Faltam as tramas, as nuances, e sem elas nada se explica direito, tudo perde o sentido.
Reunido com publicitários de vários países há alguns anos, fizemos um exercício baseado na carência de tempo do público e na superficialidade do mundo atual. Consistia em reduzir ao formato do Twitter grandes romances e filmes. Não foi tão difícil assim, e ficou bem engraçado. Nossa proposta era aguçar o poder de síntese e chegar à essência das ideias, nunca tentar desenvolvê-las. A formulação de uma ideia sempre pode ser curta, a maneira como ela evolui não. E uma obra de arte, assim como a vida, não se restringe à sua ideia central, ela só existe com a evolução da ideia.
O que foi interpretado como ofensivo na declaração de Paulo Coelho nada mais é do que o óbvio.  Twitter é o exercício do óbvio, do superficial, do peteleco. Nada mais do que isso. Mas diverte.

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