sexta-feira, 19 de julho de 2013

O DOCE SABOR DO FRACASSO.


Quando algo parece que vai funcionar, alguém vem e desarruma. Brasileiro adora perder uma boa oportunidade, prefere se sentir injustiçado a carregar nas costas a pesada responsabilidade de dar certo. "Certo", palavra horrorosa pra quem se acostumou a ser torto. Certo = direito, sacou? Coisa de direita reacionária entreguista etc e tal. Outro assunto em que somos fissurados são os rótulos, não importa o quanto estejam fora do prazo de validade.
Escritor que vende muito deve ser apedrejado pela crítica (e também por seus pares). Filme de grande bilheteria?, só pode ser ruim. Empresário bem-sucedido?, que ofensa às tradições nacionais! Televisão considerada uma das melhores do planeta e com muita audiência? pau nela! Se deu certo, só pode estar errado. As grandes empresas, a grande mídia, os grandes conglomerados... tudo que é grande conspira contra quem idolatra a pequenez.
Só no Brasil, um partido com mais de 10 anos no poder segue chorando pitangas contra... o quê mesmo? E afirma orgulhosamente que a recente onda de protestos se deve ao sucesso de sua gestão.
Só no Brasil, esperamos que os estádios sejam construídos, pra na hora H, sacanear os eventos que tanto lutamos pra hospedar, jogando fora a chance de recuperar o que foi investido e faturar das mais variadas formas. Só no Brasil, crucificamos quem tenta alavancar a economia e promovemos constantes paralisações com o pretexto de querer avançar. Só no Brasil, até a visita de um Papa super-simpático, em evento mundial de jovens religiosos, se transforma em calvário.
O mundo nos admira por nossa hospitalidade e descontração? Rá! Positivo demais pra ser mantido. O mundo quer investir aqui fortunas que vão gerar empregos e melhor qualidade de vida? Rá-rá! Vamos dar aos investidores todos os motivos pra se escafederem de nossa terra. O mundo está olhando pra nós? Beleza! Vamos mostrar a eles com quem estão se metendo e destruir de vez tudo o que levamos tanto tempo pra construir. Rá-rá-rá! Olha o que eu fiz com o nosso brinquedinho.
Destino turístico paradisíaco, coisa nenhuma. Lider dos BRICS, nananinanão! Legal mesmo é ser liderado pela Venezuela, enrolado pela Argentina, humilhado pela Bolívia. Queremos ser vistos como um lugar infernal onde ninguém consegue ter paz, planejar nada, se sentir seguro pra fazer nada. Talvez seja isso, "fazer nada", nosso ideal macunaímico: um eterno feriadão, onde tenhamos todo o tempo do mundo pra lamentar o presente, inventar teorias conspiratórias, colocar a culpa nos outros e detonar o futuro.

11 comentários:

  1. É isso. Brasileiro é chato pacas, Adilson. Abs.

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  3. o doce sabor do fracasso, ou o reverso da megalomania?

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  4. Lamentável falta de visão além do próprio umbigo. Alô alô Marciano, quem fala é da terra, Pra variar estamos em guerra, você não imagina a loucura.

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    1. Respeito seu ponto de vista. Obrigado por ter lido e comentado.

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  5. Adilson, assinaria embaixo do seu texto. Vemos mesmo muito disso por aí... :(
    Mas eu também sou brasileira e não sou assim (e obviamente não estou sozinha). O que fazer para transformar essa mentalidade?
    Beijo.

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  6. Que bom que minha provocação te atingiu. Há uma diversidade enorme de "brasileiros" e, para alguns, o que escrevi é um sacrilégio. De minha parte, cansei dos lamurientos raivosos. E também cansei de ficar calado.
    Talvez a melhor maneira de nos livrarmos dessa maldição derrotista seja abrir o verbo. Quanto menos expressamos nosso ponto de vista, mais damos espaço aos patrulhadores que preferem ver o circo pegar fogo a tentar construir algo que valha a pena.

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