sexta-feira, 5 de julho de 2013

PENSO, LOGO, EGITO.

Nada de medo, mas consciência. A situação política brasileira não é a mesma do Egito, como insinuam os oportunistas de um lado. Mas também não pode se enredar em manobras eleitoreiras, como pretendem os oportunistas de outros lados. Transformar a massa indignada em massa de manobra seria o pior desfecho possível para nosso bendito despertar cívico.
Direita e esquerda se tornaram palavras vazias, que variam de significado segundo a conveniência do usuário, por isso vou deixá-las de lado. Golpe, este sim, é o grito de alerta (compartilhado pelos que se dizem esquerdistas e direitistas). São muitos. Cada um tem seu golpe na cabeça: o velho golpe de infiltrar baderneiros pra deixar os manifestantes mal na foto, o golpe bolivariano de propor um plebiscito pra alegar que o executivo fez sua parte e poder se unir aos que apedrejam o legislativo, o golpe de estimular demandas pontuais multifacetadas que possam gerar inquietações, inseguranças e greves sucessivas... o golpe de desqualificar o grito das ruas, provocar o caos, inviabilizar o país. Vários golpes se engatilham, todos com as piores intenções, e cabe a nós identificá-los, desmoralizá-los e rejeitá-los, sob pena de jogar fora um momento histórico que dificilmente se repetirá.
Não, decididamente não somos o Egito. Mas o que não falta no Brasil é múmia. Maldições em cadeia (boa palavra essa, hein!), anos a fio a nos assombrar: Renan Calheiros, Henrique Alves, José Sarney, Paulo Maluf, José Dirceu, Fernando Collor... a lista é grande. Obras faraônicas, claro, pipocam por todos os lados, de estádios padrão Fifa a hidrelétricas padrão "ame-o ou deixe-o / anos 70", com custos invariavelmente acima do orçado. Esfinges? Quando olho pra esses seres meio gente-meio bicho, não sei porque me lembro de Dilma e Lula. Deve ser por oscilarem muito de um lado pro outro, tornando-se indefiníveis. Ou talvez por serem, no fundo, a mesma pessoa, obcecada pela eternização no poder. Por fim, o famoso "decifra-me ou te devoro" cai muito bem aqui, entre o povo e os soberanos da vez. Quem não decifrar a situação com inteligência, tende a ser devorado.

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